A escritora italiana Nady Vettori enviou exemplares de seus livros para a escritora Ires Parisotto Caldieraro, que foram doados pela mesma à AVENOBA, ficando os mesmos à disposição dos associados para leitura. O Presidente Juari escreveu a carta abaixo agradecendo.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
domingo, 22 de novembro de 2020
Arte no Muro - A Saga de Um Povo
Além do mar, na Itália do século XIX, o país sofria com suas batalhas e guerras, as quais... despertaram a pobreza, a fome e a desespero na população. Trabalhadores sem-terra, submissos e explorados, com muitas bocas para alimentar, viviam momentos de dor e angústia. Não havia mais que uma fatia de polenta sem sal para enganar o estômago. Não se via um futuro.
Até que começaram a chegar notícias de um país distante, chamado Brasil, diziam ser a terra da cucagna, um país fabuloso onde reinavam a riqueza e a diversão. Muitas promessas de vida fácil, de realização do sonho, de ter seu próprio chão e da tão sonhada liberdade.
O Brasil precisava de braços para o trabalho e gente para habitar as terras de matas virgens. Para a Itália, a partida em massa dos pobres camponeses desempregados era vista com bons olhos. Já para milhões de italianos, a partida não era uma escolha, mas sim, a única forma de sobreviver.
Durante a longa viagem “in la nave”, onde partiram com poucas bagagens, mas com fé e coragem enfrentavam a sobrecarga de gente, misturada a animais, onde proliferavam as doenças! Mortos eram jogados ao mar, além de naufrágios, fazendo que muitos não sobrevivessem.
Ao chegarem aos Portos ficavam sitiados, em quarentena devido as doenças transmitidas durante a viagem, depois prosseguiam em embarcações precárias pelos rios, pois não existiam estradas! Mas sua jornada ainda não estava completa, pois era necessário abrirem acessos em meio à mata, onde nem os raios de sol eram vistos devido a densa vegetação, onde perigos rodavam em forma de animais selvagens. Seguiram longos caminhos a pé ou no lombo de animais até o seu destino. Nem todos conseguiam chegar ao final dessa Odisseia vivos.
Os que ficavam lamentavam a partida, pois sabiam que nunca mais veriam sua família e amigos e os que partiam rumo ao desconhecido, sabiam que seria uma viagem sem volta…
Ao chegarem o sentimento de terem sido trapaceados, iludidos e enganados era permanente! Aos poucos iam percebendo que a América era a esperança e a única opção para um recomeço.
E assim, em 1891 ao chegaram aqui, em uma terra habitada por índios coroados, receberam o seu lote, demarcado pelo governo.
En le "valigie" traziam, além da esperança, algumas ferramentas, poucas sementes, escassos alimentos e muita vontade de trabalhar…. E obviamente um coração cheio de saudade e dor.
Mas a cada amanhecer, erguiam suas cabeças, oravam e trabalhavam afinco. Abriram picadas na mata, construíram abrigos primitivos. E o vai e vem dos serrotes tombava as araucárias, árvores tão características da nossa Serra gaúcha.
Derrubar e queimar a mata era necessário, porque a terra estava se oferecendo para ser trabalhada, afagada para fazer o pão e era necessária para que vida seguisse seu rumo.. Era preciso comer.
Todo o esforço implantado na terra, foi recompensado pela fertilidade dos campos jamais explorados. A mesa, aos poucos foi ficando farta, diferente da escassez que conheciam na Itália, tornando se a primeira conquista dos trabalhadores dessas colônias.
O árduo trabalho do dia a dia
As sementes que vieram da Itália germinaram, viraram árvores e produziram frutos. O trabalho era árduo e lentamente o resultado começava a aparecer.
Além das ferramentas trazidas, era necessário a produção de mais utensílios e materiais para serem utilizados nas construções, nas lavouras ou até mesmo na cozinha.
E na união do trabalho, com amor, fé e esperança se dava início a um novo ciclo, formando famílias, produzindo alimentos, nascendo novos povoados.
Da mãe Itália? Nostalgia. Voltar pra lá não era mais uma opção, o destino estava traçado! Mas a saudade era gigante, quase insuportável
A melancolia, tristeza assombrava a falta de notícias dos que na Itália haviam ficado. Uma segunda Pátria estava sendo construída com lágrimas e suor, mesmo assim a mãe Itália não era esquecida.
Mas um dia, as primeiras cartas começaram a chegar, inundando de emoção a todos, motivando e enchendo os corações novamente de esperança. Fazendo que o sonho florescesse a cada amanhecer.
As cartas eram a maneira de sentir o sorriso, o abraço, o carinho ou até a tristeza de quem estava longe! Elas iam e vinham com um único objetivo, que era amenizar a dor da separação e da distância
Cara mamma, io qui sto benne… Come stai? Mi manchi! Ti amo!
E assim passaram a viver constantemente com o coração dividido entre dois mundos.
E assim povoaram essa terra
E assim povoaram esta terra, passando por períodos de tensão e turbulência, fazendo surgir uma nova cultura, adaptando suas tradições milenares a um novo ambiente.
O progresso se tornava evidente a cada pedra e a cada estaca cravada em terras brasileiras, a “ética do trabalho” norteava os costumes. E entre acertos e erros, os imigrantes deixavam sua marca.
As cavernas, os troncos de árvores, a vegetação densa começava dar lugar a uma bela e única arquitetura. Transformando aquele espaço selvagem, em seu lar.
As famílias eram numerosas e assim construíram belas e grandes casas com tábuas serradas a mão, uma a uma, pacientemente. No telhado, usavam os pequenos pedaços de madeira, le scándole, como forma de proteção a intempéries.
A preocupação com a segurança fez com que arquitetura fosse transformada, deixando com que a cozinha ficasse afastada dos outros cômodos sendo ligada por um corredor ao restante da casa, prevenindo assim incêndios que podiam ser provocados pelas brasas dos fogolare.
Os porões de pedra abrigavam pipas de vinho, alimentos e claro, queijos e salames. Do forno construído de tijolos e barro, o aroma de saborosos pães, cucas, biscoitos e das batatas assadas saciava a fome de todos e de certa forma fazia com que as pessoas pudessem amenizar a saudade da sua terra natal.
A fé identificando um povo
Os primeiros imigrantes se ampararam na fé para enfrentar as adversidades e fortalecer sua coragem para iniciar uma nova vida em terras virgens e matas intocadas.
Superaram obstáculos ajudados por missionários scalabrinianos. O primeiro a chegar e aqui se estabelecer foi o Padre Pietro Antônio Colbachini. Veio e cravou a cruz, fundando Nova Bassano com o nome da sua cidade natal: Bassano Del Grappa.
Colbachini era empreendedor, autoritário, trabalhava com entusiasmo, não media esforços e nem horas de serviço junto às famílias.
Isolados geograficamente, organizaram as primeiras comunidades ao redor das Capelas, nas linhas já demarcadas, dedicadas a um santo ou a Nossa Senhora.
Os imigrantes trouxeram em suas bagagens um fervor religioso que é percebido até hoje, através das igrejas, capitéis e capelas construídas e deixadas como legado material aos seus descendentes. Transformando as festas da Igreja tanto da cidade como no interior, regadas a música e gastronomia típica em uma de nossas tradições.
Ao longo das “linhas” vários capitéis foram construídos, que serviam de pontos de encontro para orações.
Assim, desde o início, a fé é a marca que identifica a nossa gente, com respeito às diferentes religiões e etnias que chegam em nossa cidade todos os dias.
O trabalho na terra e o progresso econômico
A tão sonhada terra, encontrada aqui em seu estado virgem, transformou-se na base da economia da população.
O relevo montanhoso e o clima frio, semelhantes ao italiano, favoreceram o cultivo dos parreirais, mantendo a tradição do vinho, sendo ela para consumo próprio ou a comercialização através das cantinas.
A terra trabalhada, com a produção do milho, do trigo, da soja, ou hortifrutigranjeiros, além da criação de gado de corte e produção de leite, assim como a suinocultura e a avicultura fazem até hoje, com que nosso município se destaque na economia primária.
Vinte e oito comunidades do interior desde o início do povoamento se organizaram e prosperaram na agricultura, alternando as atividades, aperfeiçoando as técnicas, inovando na tecnologia e buscando a sucessão familiar.
A emancipação de Nova Bassano e a consolidação do Pólo Metalúrgico
Por entre morros imponentes, os bravos imigrantes italianos, formaram seu povoado e no dia 23 de maio de 1964 ocorreu a emancipação, Nova Bassano tornou-se município.
Estes constituíram suas famílias, tiveram seus filhos e consequentemente a terra já não era suficiente para todos.
Assim, a segunda geração foi em busca de seus sonhos e de novas terras, nas regiões do oeste de Santa Catarina, Paraná, entre tantos outros lugares onde lá desbravaram e prosperaram.
Já os da terceira geração, voltaram e encontraram aqui o surgimento e consolidação da indústria do ferro e aço das nossas valorosas indústrias metalúrgicas.
Grandes e pequenas empresas de metalurgia alavancam a economia, fazendo com que Nova Bassano seja reconhecida como polo metalúrgico no Brasil e no mundo.
As belezas, a natureza e cultura do povo fazem de Nova Bassano um lugar acolhedor.
A língua, costumes e os hábitos, trazidos de sua terra natal, fazem parte do progresso rural e urbano, e impulsionam com seu dinamismo.
Temos orgulho de mostrar o que a nossa cidade tem de melhor.
Por isso, que tal irmos até o interior? Comecemos pela Cascata da Boa Fé, passando pelo Caravágio, subir o Monte Páreo para ver o horizonte? E a nossa comunidade de poloneses que aqui chegaram na segunda metade do século XIX com seu rico artesanato.
E o que falar da nossa igreja de São José, construída em 1895 e reconstruída em 1911? E a de São Bernardo?E a casas centenárias? Os capitéis? E a beleza do nosso Balneário Carreiro na divisa com Serafina Corrêa?
E a sede do município onde de cara se visualiza a linda igreja, o imponente campanário e o santuário do Senhor Bom Jesus que atrai milhares de romeiros.
E os lindos bairros entre os morros, que foram construíram para acolher os tantos que chegaram de outras regiões do Brasil para trabalhar aqui e constituir o seu lar.
E o nosso lindo Parque de Rodeios onde encontramos o inigualável Centro de Eventos.
Sim, a nossa cidade é linda e foi construída por você, por sua família, por várias etnias…. Por todos nós..
E hoje apresentamos este espaço público, aberto, plural…construído por um artista bassanense transformando o muro em arte e em mais um ponto turístico o qual queremos apresentá-lo ao mundo.
A arte transformou este muro num resgate de nossa cultura e é motivo de orgulho para todos os bassanenses e para futuras gerações…. E que possamos celebrar a História e a vida de nossa gente!
Elenco
Comissão do Projeto Arte no Muro
Marli Dagnese Fiorentin, Analice Antoniollli, Airton Primieri,